A poucos dias atrás, estava a falar com um amigo, que me disse que no Lidl tinham à venda uma manteiga de amendoim "Top". Com um preço ainda mais Top! Ora, 500g por 2,99€ na verdade é bem convidativo. De facto, já tinha ouvido falar desta dita cuja e sendo eu um viciado incondicional por tal género alimentar fui lá então tirar os nabos da púcara!
93% de amendoim! dizem todos contentes aqueles que descobriram já a tal maravilha.
Meus amigos, vamos lá explicar uma coisa, não se deixem eludir, se tem 93% de amendoim os outros 7% estão repartidos pelos outros ingredientes: Óleo vegetal, gordura vegetal e sal.
Podem ter a certeza que essa "gordura vegetal" são gorduras trans ou interestificadas. Qual a pior? venha o diabo e escolha.
Deixo-vos um texto de um blogue Brasileiro que explica de uma forma simples o que são e o que fazem estes bichinhos.
"Se você é um consumidor atento, deve ter observado um grande número de produtos do super mercado exibindo em suas embalagens o "ZERO% de GORDURA TRANS" ou "NÃO CONTÉM GORDURA TRANS" em letras garrafais. Durante muito tempo fomos ensinados a trocar a manteiga(gordura saturada) pela margarina (gordura vegetal hidrogenada) porque esta não aumenta o colesterol. No entanto ,diversos estudos científicos mostraram que a gordura tipo trans, abundante nos óleos vegetais hidrogenados, é provavelmente muito mais danosa à saúde que a gordura saturada.
Recentemente, em um artigo "on line" do British Medical Journal, pesquisadores britânicos afirmaram que banir as gorduras trans do Reino Unido preveniria milhares de ataques cardíacos e mortes anualmente, e seria uma maneira simples de proteger a sociedade e salvar vidas.
Você sabe por que a gordura tipo TRANS está sendo substituída nos alimentos processados?
A gordura trans pode causar vários danos à saúde. Entre os mais importantes citamos:
A gordura trans eleva o colesterol ruim(LDL), diminui o colesterol bom(HDL) e aumenta a taxa de triglicerídios, fatores de risco para doença cardiovascular.
A gordura trans aumenta a produção de mediadores químicos inflamatórios relacionados a aumento de incidência de muitas doenças crônicas de nosso tempo(doenças auto-imunes, câncer, infertilidade,etc.)
A gordura trans inibe os receptores da insulina nas membranas celulares provocando resistência insulinica, aumentando a incidência de obesidade e diabetes.
A solução encontrada pela indústria de alimentos para substituir a gordura trans, é um processo altamente industrializado, chamado interesterificação. O processo químico que produz gordura interesterificada é um tanto complicado, mas, essencialmente, um óleo vegetal natural como o de girassol por exemplo, é combinado com ácido esteárico e vários catalisadores alcalinos. A gordura interesterificada apresenta várias vantagens para os fabricantes de alimentos processados- aumento do tempo de prateleira do produto e sabor semelhante ao da gordura animal.
A gordura interesterificada está sendo introduzida em diversos alimentos processados para ser o substituto mais "seguro" das gorduras trans. No entanto evidências científicas começam a aparecer que tal pretensão está bem longe da realidade. Estudo publicado na revista Nutrition & Metabolism verificou que a gordura interesterificada aumentou a resistência insulinica (aumentando a taxa de glicose e/ou diminuindo a produção de insulina), condição esta precursora comum do Diabetes Mellitus e obesidade. Após 4 semanas consumindo dieta rica em gorduras interesterificadas, os participantes do estudo apresentaram significativo aumento da taxa de glicose no sangue ( quase 20%). Este aumento foi até maior que o observado com a gordura trans. Também a produção de insulina caiu 10% na dieta rica em gordura trans e quase o dobro disto na dieta rica em gordura interesterificada. Os resultados do estudo concluem que a gordura interesterificada afeta a produção de insulina pelo seu pâncreas e aumenta a resistência dos tecidos periféricos à ação da insulina.
A gordura interesterificada também reduziu os níveis do bom colesterol(HDL).
A gordura interesterificada provavelmente não estará discriminada no rótulo do alimento.
Se você é daqueles que tem por hábito ler rótulos de produtos que compra no supermercado, não adianta procurar por "gordura interesterificada" no rótulo porque você não vai encontrar. Na prática, se o rótulo do alimento processado contém "óleo vegetal" como ingediente, ou "gordura vegetal hidrogenada", você pode estar certo de estar consumindo ou gordura interesterificada ou gordura trans.
FONTES:
1 Sundram K, Karupaiah T, Hayes K.. (2007). "Stearic acid-rich interesterified fat and trans-rich fat raise the LDL/HDL ratio and plasma glucose relative to palm olein in humans.". Nutr Metab. DOI:10.1186/1743- 7075-4-3.
2 "New Fat, Same Old Problem With An Added Twist? Replacement For Trans Fat Raises Blood Sugar In Humans", Science Daily, January 18, 2007."
No meu ponto de vista, o ideal e mais saudável será optarmos pelas gorduras tal e qual como estão na natureza. Mais vale usar banha de porco ou manteiga, à usar margarina ou outro tipo de gordura hidrogenada, parcialmente hidrogenada ou interestificada.
Eu era um seguidor e consumidor acérrimo das margarinas, porque engoli toda a campanha pró margarina e anti-colesterol que estas poderosas multinacionais engendraram. Depois de estudar e indagar um pouco sobre esta matéria, descobri que mais vale usar a antiga banha de porco, pelo menos o corpo sabe o que fazer com ela!
Se alguém sabe de mais alguma agradeço a partilha!